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AMAZÔNIA: Pecuarista mostra que é possível produzir commodities de maneira sustentável

Quem acha que pecuarista só se preocupa em aumentar a produção bovina sem levar em conta o meio ambiente, precisa dar uma visitada na propriedade de seu Romeo Silvestre, na zona rural de Cotriguaçu, região Noroeste de Mato Grosso, no bioma amazônico. Por lá, ele trabalha firme para reflorestar a mata ciliar de um córrego que cruza a sua propriedade, mostrando que sim: é possível produzir commodities de maneira sustentável, em harmonia com a floresta.

Há no consciente popular uma ideia preconcebida de que os produtores de commodities (carne, soja, milho, algodão…) são todos grandes e bem estruturados. Na prática, não é bem assim. Seu Silvestre, por exemplo, se enquadra na categoria de pequeno/médio produtor. Seu pasto sofre com a falta de manejo correto do gado, o que resulta em um solo compactado de baixa fertilidade e exposto às ervas daninhas. Em seus 66 anos de vida, mais da metade deles dedicados ao campo, nunca contou com a assistência técnica de um engenheiro agrônomo para corrigir esses problemas. Na verdade, essa é uma realidade do Assentamento PA Vale Verde, onde mora Silvestre e pelo menos mais 600 pecuaristas.

“De todos que já conversei, e não foram poucos, nenhum já recebeu esse tipo de orientação, seja na parte de melhoramento do gado, na recuperação de pastagens, como também na parte ambiental”, afirma Silvestre, que há mais de 20 anos cria gado no assentamento. Ele é um dos mais antigos da região.

Mas, essa realidade, começou a mudar há um ano quando a propriedade dele passou a fazer parte de um projeto promovido pelo Programa REM MT (do inglês, REDD para Pioneiros) e a Empresa Mato-grossense de Assistência Técnica e de Extensão Rural (Empaer-MT). A fazenda foi escolhida para ser uma Unidade de Referência Técnica (URT) da Empaer, com objetivo de se tornar modelo de produção sustentável na pecuária de corte para os demais produtores de Cotriguaçu.

Extensionistas da Empaer-MT conversam com Silvestre na propriedade. Crédito: REM MT

RECUPERANDO A APP

O trabalho é de médio e longo prazo e exige paciência. Mas, os principais problemas da propriedade já foram diagnosticados pelos técnicos da Empaer e, aos poucos, o projeto começa a dar frutos. Na parte ambiental, recentemente ocorreu o plantio de diversas sementes nativas para regenerar a mata ciliar do córrego que passa dentro da propriedade de seu Silvestre. Também começaram a ser instaladas cercas no local para impedir que o gado continue pisoteado às margens do córrego e degradando ainda mais o solo.

Silvestre sabe que se não recuperar a mata ciliar, num futuro breve, o córrego irá secar e o seu gado não terá água para beber. Para além da questão ambiental, ele aprendeu com a assistência técnica da Empaer- apoiada pelo REM MT – que reflorestar a APP [Área de Preservação Permanente] é um ganho econômico também, diante de um mercado cada vez mais comprometido em comprar gado de fazendas que não estejam envolvidas com o desmatamento ilegal.

 

Extensionistas da Empaer-MT conversam com Silvestre na propriedade. Crédito: REM MT

Quem orienta Silvestre nos trabalhos é o extensionista rural da Empaer, Anderson Bays. Ele detalha que o projeto irá desenvolver tecnologias para melhorar o solo, a pastagem e a produção animal da URT, a partir dos recursos disponibilizados pelo REM MT.

“Está prevista a recuperação de 10 hectares, sendo cinco para pastagem e cinco para reforma. Isso inclui a parte de calagem, adubação, plantio de sementes, tratos culturais, construção de cercas, piqueteamento [para melhor distribuição do gado] e outras tecnologias de manejo, como estação de monta, bem como a instalação de sistema de irrigação na área de plantação do capiaçu e silagem para alimentação do gado durante o período da seca”, elenca.

Com relação ao manejo adequado da pastagem, o Silvestre está empolgado com as mudanças. Se tudo der certo, ele espera aumentar de 3 para 10 cabeças de gados por alqueire [equivalente a 2,4 hectares]. “Com isso, eu promovo o pastoreio rotativo, produzindo mais sem ter que aumentar novas áreas de pasto. É bom para o meu negócio, mas também é bom para o meio ambiente”, destaca.

EIXO PECUÁRIA SUSTENTÁVEL

A propriedade ainda tem um caminho a percorrer para se tornar uma URT de sucesso, mas a semente parece que já está plantada na região. Silvestre está espalhando a boa nova pelo assentamento, o que tem despertado cada vez mais o interesse dos vizinhos em saber como exatamente funciona o projeto do REM MT, tocado pelos extensionistas rurais da Empaer.

“Para todo mundo que pergunta eu falo que a assistência é muito boa. Recomendo mesmo! Os técnicos e as técnicas da Empaer são muito educados e atenciosos. O Anderson e a Marinete vem aqui conversar comigo e fazem o trabalho para que a minha propriedade se transforme numa unidade de referência para os demais produtores da região”, comenta SIlvestre ao mencionar Marinete da Silva, extensionista que atua no escritório da Empaer em Cotriguaçu. Já a URT tem como coordenador geral o engenheiro agrônomo Rogério Leschewitz, também extensionista da Empaer.

Foto: Empaer-MT

A URT de Cotriguaçu faz parte das oito unidades desse tipo na região Noroeste do Estado. As outras estão nos municípios de Aripuanã, Castanheira, Colniza, Juara, Juína, Juruena e Nova Bandeirantes. Essas unidades estão inseridas no eixo “Pecuária Sustentável” do Subprograma Produção, Inovação e Mercados Sustentáveis (PIMS) do REM MT. O eixo tem como objetivo promover a bovinocultura de corte intensificada com adequação ambiental e sem incorporação de novas áreas. O PIMS ainda conta com mais 3 eixos: “Soja Responsável”, “Manejo Florestal” e “Inovação em cadeias de commodities”.

ESG

O trabalho nas propriedades/URT’s é focado nos critérios ESG [Environmental, Social and Corporate Governance], que em português significa “Ambiental, Social e Governança Corporativa”. Trata-se de uma série de normas que as propriedades têm que seguir para promover uma produção sustentável em harmonia com o meio ambiente, exigência cada vez mais constante dos mercados nacionais e internacionais que compram a carne de Mato Grosso.

 

Por Marcio Camilo

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