Esperança de um futuro melhor. Esse foi o sentimento que marcou a visita de monitoramento dos financiadores do Programa REM Mato Grosso – Klaus Koehnlein, do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) e Svenja Bunte, do Departamento para Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido (BEIS) à Mato Grosso, entre os dias 13 e 19 de junho. A comitiva foi até a região do Portal da Amazônia, próximo ao município de Alta Floresta (790 km da Capital), para ver de perto como seus recursos estão beneficiando as comunidades de agricultores familiares locais.
“São projetos maravilhosos! Todos nos impressionaram muito”, resume Klaus Koehnlein, gerente de portfólio do KfW, ao se deparar com a unidade de produção familiar e a consciência ambiental das famílias assentadas no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) São Paulo, no município de Carlinda, que é apoiado pelo projeto do Instituto Ouro Verde denominado de “Fundo da Agricultura Camponesa”. A iniciativa é financiada pelo REM MT.
Klaus e outros membros do KfW e BEIS tiveram a oportunidade de conhecer alguns desses beneficiários, entre eles o casal Antônia Soares de Brito Oliveira e José Severino de Oliveira, conhecido como o ´Zé da Lasca’.
Graças aos recursos do REM MT, eles conseguiram acessar uma linha de microcrédito no fundo denominado como “Banco Raiz”, para expandir seu pomar e quintais agroflorestais para uma nova área de cinco mil metros quadrados. Nesse espaço será plantando mais de 400 pés de diferentes espécies frutíferas, como mamão, laranja, pocan, limão e cupuaçu.
O casal também está vendendo seus produtos pelo Sistema de Comercialização Solidária (SISCO), e recebendo serviços gratuitos de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), por meio do IOV e REM MT.
“Nós participamos do SISCO, que é um sistema online de venda da nossa produção”, destaca Zé da Lasca. O SISCO também é uma iniciativa que faz parte da gama de projetos do IOV para apoiar os agricultores da região.
Além da renda que o plantio irá gerar, Antônia atenta para o fato que o dinheiro é fruto de uma lógica de produção sustentável, o que é um fator fundamental para a família.
“A gente se sente fortemente comprometido com as causas sociais e ambientais. Por isso, escolhemos projetos de desenvolvimento sustentável para viver”, afirma a agricultura familiar.
INSTITUTO OURO VERDE (IOV)
Andrezza Alves Spexoto Olival, uma das coordenadoras do “Fundo da Agricultura Camponesa”, fez uma apresentação à comitiva, com objetivo de mostrar todos os componentes do projeto. Ela explicou que o Instituto Ouro Verde (IOV) trabalha com foco em envolver pessoas em comunidades, buscando o fortalecimento da agricultura familiar a partir da organização social.
“Nós buscamos pelo bem viver comunitário, através da integração de aspectos sociais, econômicos e ambientais”, disse Andrezza ao comentar que o IOV tem 23 anos de fundação, e desses, 18 dedicados aos camponeses do Portal da Amazônia, em Mato Grosso.
Ela também citou alguns números do Banco Raiz, um dos componentes do Fundo da Agricultura Camponesa, que oferece linhas de créditos para fomentar a produção dos agricultores locais.
“O Banco Raiz está em 10 municípios e o REM MT injetou 340 mil reais no banco. Ao todo, são 42 projetos apoiados com R$ 8.870 em linhas de crédito. A taxa de inadimplência é zero e com o banco, nós promovemos a economia solidária envolvendo 187 famílias, numa área de atuação de 921, 5 hectares”, elencou a coordenadora do IOV.
OUTRAS FORMAS DE APOIO
Além do Banco Raiz, o IOV possui o Sistema de Comercialização Solidária (SISCOS), que consiste em uma rede formada pelos agricultores e consumidores, para facilitar a venda dos alimentos agroecológicos. Com o apoio do SISCO, os agricultores conseguem vender para várias cidades ao mesmo tempo.
“O SISCO veio num momento importante da pandemia, em que a gente precisava entregar nossos produtos nas casas dos compradores. Aqui, na lavoura, não temos muito acesso à cidade. Então, a gente produzia e o SISCOS nos ajudava com essa logística de transporte para entregar os alimentos. Então, melhorou, porque se você tem quem leva os produtos, você não precisa correr o risco de uma pandemia, que você precisa estar lá. E é bom para o próprio consumidor, que já entrega na porta também. Além disso, o SISCO achou quem queria os nossos produtos”, ressalta o agricultor familiar Valdeir Aparecido Dim, 49 anos. Ele possui um sítio na zona rural da cidade de Nova Canaã, onde produz hortaliças e frutas, para serem comercializadas na região.
Os projetos do IOV também visam o protagonismo das mulheres do campo, por meio do incentivo ao artesanato e à colheita de sementes, através das iniciativas da Rede de Mulheres de Fibra e da Rede de Sementes do Portal da Amazônia.
Na Rede de Mulheres de Fibras, as artesãs, que também são agricultoras, confeccionam uma variedade de utensílios, como bandeja, descanso de panela, jogo americano, flores e almofadas, por meio de fibras de vegetais e sementes, obtidas de espécies como o buriti, tucum, taboa, milho e bananeira.
Já com a Rede de Sementes do Portal da Amazônia, o IOV, com apoio do REM MT, busca fortalecer grupos de agricultores familiares e organizações não governamentais, no sentido de facilitar o acesso às sementes florestais, para ações de recuperação ambiental e produção de artesanato, com a proposta de ser uma opção de geração de renda de forma sustentável nas comunidades rurais.
“O Instituto Ouro Verde tem estratégias interessantes para trabalhar a agricultura familiar aqui na região do Portal da Amazônia. Por isso, viemos verificar junto com os doadores o que eles estão fazendo na prática para terem bons resultados”, acrescenta Marcos Balbino, coordenador do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs) do REM MT.
VISITA DE MONITORAMENTO
Depois da explanação do projeto e da visita ao sítio de dona Antônia e seu Zé da Lasca, o trabalho de monitoramento dos doadores do REM MT terminou na cidade de Alta Floresta, onde a comitiva pôde conhecer a sede do Instituto IOV. Antes disso, eles estiveram em Cuiabá e participaram de uma série de reuniões com autoridades do Governo do Estado, para viabilizar a segunda fase do Programa REM MT.