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Pecuária Sustentável: Com apoio do REM MT, casal de pecuaristas muda de mentalidade e promove restauração ecológica em propriedade

Plante, que o governo garante”. Essa era a ordem vigente no final dos anos 1980, quando o casal de pecuaristas Dal Piaz chegou em terras mato-grossenses. “Não existia esse negócio de meio ambiente. Então, nós entramos fazendo o que os outros já faziam”, recorda o produtor rural, Valocir Nasareno Dalpiaz, de 61 anos, sobre o processo de desmatamento provocado pela pecuária extensiva no município de Juara, região Noroeste de Mato Grosso, no bioma amazônico.


Valocir Dalpiaz – Produtora rural  (Crédito: REM MT)

Assim como tantas outras famílias da região Sul do país, o casal, que veio da cidade de Foz do Iguaçu, foi incentivado pelas políticas públicas de ocupação do Centro Oeste, que tiveram início na década de 1970, durante a ditadura militar.  

“Mas, o tempo foi passando, e com ele vieram as leis ambientais, que começaram a apertar o produtor. E o Governo Federal, que na época incentivou a abertura dos pastos, já não era mais tão ‘amigo’ assim. A gente plantava e ele já não garantia mais nada. Nos largaram. Não havia mais incentivo”, comenta a produtora rural, Mirian Terezinha Dalpiaz


Mirian Terezinha Dalpiaz – Produtora rural (Crédito: REM MT)

Passados mais de 30 anos da chegada no Estado, o casal agora tenta reescrever sua história em terras mato-grossenses, a partir de uma pecuária de corte mais sustentável, que promova a restauração da floresta nativa, principalmente nas Áreas de Preservação Permanente (APP) da propriedade (beiras de rios e de córregos). Para isso, eles contam com o apoio sistemático do Programa REM MT e da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT).

 

Tanto é que a Fazenda Vale dos Arinos, propriedade do casal, foi uma das 8 propriedades selecionadas pelo Subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS), do REM MT, e pela EMPAER-MT para se tornar uma Unidade de Referência Técnica (URT). As URTs recebem apoio financeiro e técnico para pôr em prática o manejo sustentável e a restauração ecológica. A ideia é aplicar tecnologias de restauração ecológica no local, para que elas sirvam de exemplo para os demais pecuaristas de pequeno e médio porte da região, que passam por problemas semelhantes de regularização ambiental.


Área onde está sendo feita a restauração ecológica na Fazenda Vale dos Arinos (Crédito: REM MT)

Restauração Ecológica (MUVUCA)

Uma dessas tecnologias para refazer a floresta é a semeadura direta por meio do  processo de “Muvuca”. A técnica foi ensinada aos extensionistas da Empaer da região, durante a capacitação de restauração ecológica de vegetação nativa no Estado de Mato Grosso, promovida no final do mês passado, pela Agroicone, organização socioambiental contratada pelo Programa REM MT.


Diego Ottonelli e Laura Antoniazzi, pesquisadores ambientais da Agroicone, (abaixados de camisetas verde e roxa, respectivamente), capacitando os técnicos da EMPAER e os produtores locais sobre a técnica da semeadura direta, por meio do processo de “Muvuca” (Crédito: REM MT).

 

Na Muvuca, ocorre a mistura de sementes nativas, de diferentes espécies, cores e tamanhos, que são semeadas ao mesmo tempo. O objetivo é  fazer o plantio de uma vez só, assim como ocorre na floresta. Os técnicos puderam ver a Muvuca acontecendo na prática na fazenda dos Dalpiaz, que começa a ter a sua APP restaurada pelo projeto. 


63 tipos de sementes nativas utilizadas na Muvuca (Crédito: REM MT)

“São 63 espécies misturadas: nativas, florestais, espécies agrícolas como o feijão de porco e o feijão guandu, que servem para adubação verde; e algumas frutíferas também, para atrair a fauna e ajudar na restauração ecológica. Essas espécies irão crescer juntas. Mas, com o passar do tempo, cada uma ocupará o seu devido espaço na floresta”, destaca Diego Antonio Ottonelli de Bona, técnico ambiental da Agroicone.


Sementes nativas misturadas (Crédito: REM MT)

Técnicos da Empaer 

Laura Antoniazzi, pesquisadora sênior da Agroicone, ressalta que com a capacitação os técnicos da Empaer têm condições de apoiar os produtores na restauração ecológica, e consequentemente, na regularização ambiental. 

“É muito importante ter florestas nas beiras dos rios e dos córregos, para que a água seja protegida, seja de qualidade. Para que possamos ter mais fluxos de água em volta das nascentes. Então, a restauração ecológica é benéfica para o produtor rural inclusive”, enfatiza Laura. 


Equipe do REM MT, EMPAER Juara, Agroicone, Gopa e produtores locais fazendo o plantio das sementes na área de restauração ecológica.  (Crédito: REM MT)

Após a capacitação, Mayra Costa, extensionista Rural da Empaer em Juara, afirma que se sente bem mais segura para orientar os produtores quanto à restauração ecológica. Formada em agronomia, ela destaca que a técnica de Muvuca, assim como outros procedimentos de restauração, ensinados durante o curso, só agregam em seu trabalho junto aos produtores. 

“É a primeira vez que eu estou trabalhando, como profissional da Empaer, com a restauração florestal pela semeadura direta. É um privilégio ver um trabalho tão legal, que talvez, se não fosse essa parceria com o REM MT e a Agroicone, a gente não conseguiria fazer com a qualidade que está sendo feito”, destaca Mayra. 


Mayra Costa, extensionista Rural da Empaer-MT de Juara, fazendo a Muvuca (Crédito: REM MT).

Investimentos

A extensionista destaca ainda que os recursos do REM MT foram fundamentais para o desenvolvimento do projeto de restauração na URT dos Dalpiaz. 

“Na parte da restauração ecológica, além da semeadura direta das espécies nativas, também foram adquiridos materiais para instalar a cerca elétrica que vai isolar a APP. A cerca vai funcionar com energia da placa solar que também foi adquirida com recursos do programa. Já na parte produtiva, está sendo feita a recuperação de áreas de pastagens degradadas através do sistema de cultivo de milho consorciado com capim. A área cultivada com esse sistema é de aproximadamente 60 hectares. Por fim, está sendo feito o acompanhamento técnico no cultivo do BRS Capiaçu, tanto para a finalidade de ensilagem quanto para oferta “in natura” ao gado, visando complementar a alimentação dos animais nos períodos mais críticos de seca.”, explica Mayra.

Eixo Pecuária Sustentável

Para Huan Fernandez, extensionista rural da Empaer de Comodoro, a capacitação fortalece ainda mais os diagnósticos que ele tem feito em outras 63 propriedades do projeto. Os diagnósticos costumam ocorrer nas primeiras visitas realizadas pelos técnicos, quando eles traçam o perfil da propriedade nos aspectos social, econômico e ambiental. 

 

Ele conta que os diagnósticos mais detalhados só estão sendo possíveis a partir dos insumos do REM MT, “que nos deu pernas para fazer esse trabalho”. E explica que o Programa possibilitou maior mobilidade, principalmente com a aquisição de veículos.

“Em muitos locais, você tem que percorrer 50 km para chegar às propriedades, em estradas que não são boas. Então, todo esse apoio faz com que a gente esteja mais próximo dos produtores, e o serviço de assistência técnica e extensão rural (Ater) de fato aconteça”, reforça Huan.


Huan Fernandez, extensionista rural da Empaer de Comodoro (Crédito: REM MT).

Consultoria internacional

Para Magaly Medeiros, consultora nacional da GOPA, foi interessante perceber os proprietários querendo fazer a recuperação ambiental de suas áreas.

“Eles estão fazendo todos os processos, passo a passo. Primeiro, a adubação do solo. Depois, o plantio das espécies nativas. Isso demonstra que eles estão realmente querendo recuperar a área degradada e, em breve, serão referência para que seus vizinhos também iniciem o processo de recuperação de suas áreas”, avalia Magaly.

Magaly Medeiros, consultora nacional da GOPA (Crédito: REM MT).

Subprograma PIMS

Na região Noroeste, o projeto do REM MT, por meio do Subprograma PIMS,  é coordenado pela Empaer-MT, e, ao todo, apoia 1.423 propriedades (no sistema de ATER), duas análises gratuitas de solo, por propriedade. Somente no âmbito da restauração ecológica, incluindo diagnóstico e implantação, foram investidos cerca de R$ 395 mil reais.  Além disso, as URTs, oito ao todo, receberam um investimento de R$ 480 mil (R$ 60 mil por URT) em insumos.

 

Para Daniela Melo, coordenadora do subprograma PIM, “em relação à restauração ecológica, ainda há o investimento em capacitação teórica e prática para os técnicos da EMPAER e também a produção de vídeos para o incentivo à restauração e à técnica de semeadura direta (Muvuca)”.


Daniela Melo (à direita) e Magaly Medeiros (à esquerda) durante a visita de monitoramento do programa PIMS (Crédito: REM MT)

Por Marcio Camilo – REM MT

 

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