O segundo e último dia da Oficina de Mapeamento das Cadeias de Valor resultou na construção de planos de melhoria para as organizações selecionadas para receber apoio técnico e financeiro da Manifestação de Interesse, do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFCPTs) do REM MT.
Realizada nesta segunda e terça-feira (08 e 09/08), em Cuiabá, a oficina buscou levar em conta a realidade de cada organização da agricultura familiar das regiões da Baixada Cuiabana, Araguaia, Oeste, Norte e Sul de Mato Grosso, nos segmentos do Baru, Babaçu, da Borracha Natural, Sementes Florestais e da Banana in natura. Agora, as organizações levarão esses planos para serem discutidos junto às suas comunidades.
Visão ampla
Na terça, às organizações – cooperativas e associações de produtores rurais – foram divididas em grupos para pensar em estratégias de fomento de cada elo das cadeias de valor, ou seja: da semente até a mesa dos consumidores. Nesse sentido, foram pensadas em questões como: potencialidades e limites da produção, causas dos problemas, objetivos a serem alcançados, resultados, ações a serem desenvolvidas e os prazos e metas para se cumprir.
Grupo de trabalho durante a oficina de mapeamento das cadeias de valor. Foto: DeVallor
Tais questões ampliaram o entendimento da assessora técnica Cláudia De Pinho sobre como a produção da comunidade dela está inserida em algo muito mais amplo, que envolve diferentes atores da cadeia de valor: fornecedores, comerciantes, processadores, atacadistas, varejistas, entre outros. Ela compreendeu, por exemplo, que a organização onde atua, a Cooperativa Central da Baixada Cuiabana, precisa pensar em estratégias mais robustas para acessar o mercado local e regional, do ramo da castanha do Baru.
“Nesses dias de oficina percebemos que não temos um estudo de mercado, para entender a demanda real de nossos clientes. Por isso, estamos pensando em colocar no plano, uma consultoria que nos dará essa visão mais ampla dos possíveis compradores dos nossos produtos, no contexto local e regional”, destacou Cláudia.
Equipamentos para atender a demanda
Maria Asao, por sua vez, identificou que a sua comunidade precisa de equipamentos adequados para quebrar o coco do babaçu, e assim, aumentar a produção da Cooperativa da Agrovila das Palmeiras, no município de Santo Antônio do Leverger (a 86 km de Cuiabá).
Ela explica ainda que atualmente o trabalho para quebrar o coco é feito por mulheres e de maneira manual, com o uso de facões. “A casca é muito dura, e em muitas horas de trabalho, não conseguimos quebrar muitos cocos para acessar a castanha do babaçu, dá onde produzimos a nossa farinha. Então, muita gente acaba desanimando e não participa”, destacou Maria.
Durante a oficina, ela e os demais colegas da cooperativa perceberam que podem dobrar a produção de farinha de babaçu e, dessa forma, acessar empresas de fora do Estado. “É um produto que tem muito potencial e a procura por ele é grande. Empresas já nos procuraram pedindo uma tonelada de farinha de babaçu, mas ainda não conseguimos atender a uma demanda desse tamanho. Mas, com os equipamentos nós vamos conseguir”, afirma Maria.
Próximos passos
Agora, com os planos de melhoria já estruturados, a ideia é que as organizações façam os últimos ajustes, ouvindo os demais agricultores e agricultoras de suas comunidades. “Em seguida, esses planos de melhoria vão se transformar em Plano de Gestão das Cadeias de Valor, que serão inscritos na segunda etapa da Chamada de Projetos do Subprograma de Agricultura Familiar de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs) do REM MT”, destaca Leonardo Vivaldini, um dos coordenadores do AFPCTs.
Ele detalha que os planos terão cinco anos de duração, com o primeiro ano sendo financiado pelo REM MT. Depois disso, conforme Vivaldini, a ideia é que a organização caminhe com suas próprias pernas, a partir de um plano de gestão bem estruturado, para captar novos recursos, e assim manter os negócios.
Oficinas
A oficina reuniu mais de 50 pessoas e faz parte da Chamada de Manifestação de Interesse do Subprograma AFPCTs do REM MT. A iniciativa selecionou 53 organizações para elaborar os planos de gestão das cadeias de valor, com objetivo de beneficiar a produção de 7 mil famílias da agricultura familiar e de povos e comunidades tradicionais – a exemplo dos indígenas, quilombolas e ribeirinhos – situadas em todas as regiões do Estado. Mais de R$ 23 milhões são investidos pelo REM MT na ação.
Em julho passado, o município de Alta Floresta (Norte de Mato Grosso) também recebeu uma oficina de mapeamento das cadeias de valor. Agora, o próximo encontro será nos dias 25 e 26 de agosto, no município de Juína (Noroeste do Estado). As oficinas são promovidas pela empresa DeVallor, contratada pelo REM MT.
Por Marcio Camilo
editação Mariana Vianna