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REM MT capacita indígenas para atuar com softwares de gestão de projetos

23 representantes de projetos contemplados pelo Subprograma Territórios Indígenas, do Programa REM MT, participaram da capacitação dos sistemas GPWeb e Cérebro, no Hotel Paiaguás, em Cuiabá, entre os dias 21 e 25 de novembro. Ao longo de uma semana, as lideranças aprenderam a manusear os sistemas, que acompanham a movimentação dos projetos das organizações indígenas de Mato Grosso.

O Cérebro é usado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), gestor financeiro do Programa REM MT, enquanto o GPWeb é a ferramenta utilizada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT). As plataformas permitem que servidores e gestores das unidades de conservação monitorem as ações dos projetos.

Raoni, o terceiro da esquerda para direita, durante a capacitação (Foto: REM/MT)

Coordenador de um projeto que abrange as etnias Kaiabi, Waura e Ikepeng, Raoni Kamayura ficou muito contente em participar da capacitação de sistemas realizada pelo Programa REM MT.

Atendendo o Alto Xingu, o projeto de Raoni incrementa sistemas agroflorestais com roças tradicionais indígenas. Segundo conta, os sistemas são complicados de mexer, portanto, é fundamental a realização da capacitação.

“O GPWeb é mais fácil, o Cérebro… Balançou o nosso cérebro!”, brinca Raoni. “Mas, os dois se complementam. O GPWeb é mais prático para o cotidiano, então já estamos organizando o relatório final, mas tudo é prática”.

Além do aprendizado, os gestores entram em contato com outros projetos.

“Estamos gostando muito de participar, está muito produtivo o encontro. Ver essa diversidade de projetos, de realidades, também auxilia a gente a estar repensando o nosso projeto, nossa situação, então é muito importante essa troca”, avaliou.


Paula Vanucci explicando o funcionamento do GPWeb e Cérebro (Foto: REM/MT)

A interação e a troca de conhecimento também são muito importantes, conta a antropóloga Paula Vanucci, que atua no subprograma Territórios Indígenas. Com a pandemia da Covid-19 e o isolamento social, eventos como esse não seriam possíveis de acontecer, podendo prejudicar o andamento dos projetos.

“As capacitações presenciais são fundamentais. A pandemia foi muito complicada e terrível, por conta desse distanciamento, a gente fez capacitações on-line, que é completamente distinta quando se tem a possibilidade da presença física do participante, esse olho no olho, para que a gente possa interagir e entender um pouco mais, com mais proximidade dos processos que cada um apresenta”, explica.


As turmas foram divididas em duas: a primeira aprendeu sobre o GPWeb e a segunda sobre o Cérebro (Foto: REM/MT)

Presencialmente, os participantes puderam tirar todas as dúvidas que envolvem as ferramentas. “Saem daqui bastante esclarecidos, acho que dúvidas é comum que ocorram, e ocorria especialmente na hora que estávamos operando. Isso, consequentemente, há de ocorrer, mas eu acho que foi um espaço reservado para muitos esclarecimentos e exercícios práticos”, pontua Paula.

O assessor da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt), Soilo Urupe’Chue, trabalha junto com o Programa REM MT no fortalecimento da gestão territorial e ambiental das terras indígenas.

O evento traz transparência nos trabalhos realizados.

“Essa capacitação vem justo no período em que nossas lideranças e nossas organizações indígenas estão acessando, tanto o sistema do GPWeb quanto o cérebro. Então, eles precisam de fato dessa capacitação pra poder conduzir da melhor forma possível, de uma forma que nós conseguimos trabalhar os projetos com transparência”, disse.

Desburocratização e acesso à informação

 Xoxokwa Enawene conseguiu tirar suas dúvidas (Foto: REM/MT)

 Xoxokwa Enawene, da etnia Enawene Nawe, assumiu pela primeira vez a gestão de um projeto ambiental da sua aldeia. O Projeto Kairá, que significa “proteção da floresta”, busca preservar as áreas nativas cuidadas pela etnia.

No início, ele viu como os programas exigem movimentação nos sistemas, que tinha dificuldade para usar.

“Esse é o projeto mais importante para a comunidade, para monitorar a área indígena, dentro do território da aldeia. A gente está fazendo curso de capacitação, estamos alinhando pela primeira vez. Mas, já está tudo certinho, já está tudo alinhado, um sistema de muita burocracia. Mas estamos pegando informação de cada um”, conta.

 

Mara Barreto Sinhosewawe Xavante é da etnia Maxakali, mas cresceu com os Xavantes em Mato Grosso (Foto: REM/MT)

A jornalista e consultora Mara Barreto Sinhosewawe Xavante é aldeada da terra indígena Pimentel Barbosa, do povo Xavante. Dentro do território, desenvolve um projeto que garante segurança alimentar para os indígenas, que foram acometidos pela diabetes após introdução de alimentos industrializados.

De acordo com ela, praticamente 50% da comunidade tem a doença. O Projeto Sementes do Cerrado visa trazer de novo a plantação da alimentação tradicional dos Xavantes, promovendo uma reeducação alimentar.


Mara Barreto Sinhosewawe Xavante é da etnia Maxakali (Foto: REM/MT)

Com tamanha responsabilidade, todos os processos devem ser feitos de forma adequada.

“Já estávamos com essa acessibilidade via e-mails, via sistema mesmo. E claro, é um sistema novo, um sistema difícil, não é fácil de ser operado. Mas, estamos aqui para trazer esse aprendizado. Eu percebi uma dificuldade em toda a turma no Sistema Cérebro, penso que seria bacana uma nova capacitação presencial, porque se sairmos daqui mal preparados, automaticamente prejudica o andamento do trabalho”, avaliou. 

 

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