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Seringueiras inovam com produção de biojoias e geram nova fonte de renda

O Distrito de Ouro Branco, localizado há 324 km de Cuiabá, é uma comunidade que desde o seu surgimento, tem o manejo das seringueiras como a sua principal fonte de renda, e inovaram com a produção de biojoias. O Distrito possui 1.100 hectares de floresta de seringueiras no meio do cerrado, mas, com o passar dos anos, a comunidade começou a enfrentar alguns desafios na produção de látex, que por conta da idade das árvores, não produziam mais como antes.

Com essa nova realidade, as mais de 100 famílias moradores de Ouro Branco tiveram que inovar para poder ter uma nova fonte de renda. Foi então, que o Programa REM MT, apoiou um projeto de beneficiamento do látex, prestando consultorias à comunidade e mostrando novas formas de utilizar essa matéria-prima.

Dentro deste projeto, está em andamento também a construção de um viveiro de mudas que será utilizado para a renovação do seringal. O seringal antigo será parcialmente e gradualmente substituído, com o plantio de novos clones mais produtivos. Também haverá um incentivo a integração com outras culturas para complementar a renda durante o período de crescimento das árvores novas e a agregação de valor com a integração das mulheres numa atividade de produção de biojoias.

O Projeto Fortalecimento da Cadeia da Borracha: viabilidade econômica, social e ambiental a partir da renovação sustentável do seringal, é coordenado pela Cooperativa de Seringueiros de Ouro Branco (COOPSOB), cujas atividades beneficiam 72 cooperados. Rubens Ribeiro, presidente da COOPSOB, explicou a importância do projeto para a comunidade.

“Hoje, dentro do Programa REM, a gente teve a oportunidade de trabalhar com as biojoias, além da renovação do seringal, que a gente tem um carinho muito grande, pois, foi o início da subsistência de todo mundo aqui. A gente vem, por meio do projeto, fazendo essa renovação do seringal, para que tenha uma longevidade de produção, para subsistência familiar dos produtores e de seus sucessores. Então a gente é muito grato por todo esse contexto, devido a estrutura que a gente tem hoje”, enfatiza Rubens.

Seringueiro Boaventura de Oliveira, extraindo látex no Distrito de Ouro Branco. (Foto: Fernanda Fidelis/REM MT)

A expectativa, segundo o presidente da Cooperativa, é que as novas mudas de clones melhorados de seringueiras irão produzir cinco vezes mais e triplicar a renda atual dos cooperados.

Mudas de seringueiras melhoradas para renovação do seringal (Foto: Fernanda Fidelis/REM MT)

Com o intuito de compreender as demandas da comunidade, e por meio do projeto, o Programa REM MT realizou uma oficina, onde a comunidade idealizou a possibilidade de confecção de biojoias utilizando o látex como matéria prima. Com participação ativa, as mulheres da comunidade se aliaram a uma designer de joias para aprender a confeccionar as peças. Juntas, elas criaram a marca Flores da Seringueira, onde fazem toda a produção, divulgação, venda e distribuição dos lucros.

 

A designer Flávia Amadeu, que fez a consultoria para as seringueiras, explicou como foi esse processo de aprendizagem.

“Nós realizamos quatro módulos na oficina, trabalhando a capacitação de borracha, artesanatos e empreendedorismo. Então, elas passaram por toda essa fase de aprender a desenvolver novos materiais a partir do látex, mudando o processo desde a coleta do material até a forma de fazer a borracha”, explica a designer.

 

A artesã e seringueira Lidiane Novaes, de 51 anos, está em Ouro Branco desde 1998, onde desde então, vive do seringal. Ela conta que se surpreendeu com a possibilidade de produzir biojoias a partir do látex.

“Pra mim foi uma novidade, porque eu achava que a borracha era só pra fazer coisas como pneus, jamais fabricar o que a gente fabrica hoje”, explica.

Biojoias produzidas pela Flores da Seringueira no Distrito de Ouro Branco (Foto: Fernanda Fidelis/REM MT).

Segunda apontado pelos coordenadores do projeto, a confecção de biojoias na comunidade de Ouro Branco foi importante, principalmente, para dar meios de subsistência para as mulheres e jovens da comunidade, fortalecendo inclusive, o vínculos das mulheres, fomentando a cooperação e  empreendedorismo feminino, além de gerar renda para as futuras gerações do Distrito de Ouro Branco, para que continuem com a proteção da floresta de seringueiras.

Participantes da Flores, na produção de biojoias, da Seringueira no Distrito de Ouro Branco, Mato Grosso. (Foto: Fernanda Fidelis/REM MT)

CONHEÇA O REM MT

O Programa REM MT é uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), ao Estado do Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento. O REM MT beneficia aqueles que contribuem com ações de conservação da floresta, como os agricultores familiares, pequenos e médios produtores da agropecuária, povos e comunidades tradicionais e os povos indígenas. O REM MT também realiza o fomento de iniciativas que estimulam a economia de baixo carbono e a redução do desmatamento, a fim de reduzir as emissões de CO2 no planeta. 

 

O Programa REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e tem como gestor financeiro o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). 

Por Priscila Soares (REM MT)

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