Cerca de 54 povos de todos os biomas atenderam ao Chamado do Raoni, maior liderança indígena reconhecida no Brasil e no exterior, tendo como propósito discutir a demarcação das terras indígenas e as mudanças climáticas, a liderança e demais povos foram surpreendidos com o anúncio da aprovação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para os estudos de Identificação e Delimitação da Terra Indígena (TI) Kapôt Nhĩnore.
O Programa REM MT participou da cobertura do chamado, realizado na Aldeia Piaraçu, em São José do Xingu. Além disso, o evento no Alto Xingu recebeu apoio de R$ 80 mil, para custeio de logística e organização.
54 representantes de povos indígenas compareceram no evento, com mais de 800 participantes (Foto: REM MT)
A TI Kapôt Nhĩnore possui uma superfície aproximada de 362.243 hectares e é considerada um local sagrado para os povos de ocupação tradicional Yudjá (Juruna) e Mebengokrê (conhecidos como Kayapó, a etnia de Raoni). O território está localizado nos municípios de Vila Rica e Santa Cruz do Xingu, em Mato Grosso, e São Félix do Xingu, no Pará.
O anúncio dos estudos, feito pela presidente da Funai, Joenia Wapichana, emocionou a todos os 800 participantes. Esse é o segundo encontro realizado na história do povo indígena em Mato Grosso. A primeira edição foi em janeiro de 2020, antes da pandemia.
Joenia Wapichana (Foto: REM MT)
“Hoje é um dia de celebrar, celebrar a terra, celebrar a vida. É um dia importante para o povo Kayapó, especialmente para o querido Cacique Raoni, que está celebrando 60 anos de dedicação de sua vida em luta pela vida, pela terra, pelo meio ambiente, para combater essa crise climática. Hoje anunciei a delimitação da terra indígena, que é terra indígena de Raoni e demais lideranças indígenas Kayapó”, comemorou.
Em entrevista, Raoni comentou a importância do diálogo entre indígenas e não indígenas, para juntos defender o meio ambiente.
Raoni (Foto: REM MT)
“Quando as autoridades e lideranças do país têm o compromisso de conversar sobre esse assunto, o indígena pode escutar também, os indígenas também têm voz para discutir juntos sobre esse assunto. Estamos vendo muito desmatamento e temos que estar juntos com lideranças indígenas e não indígenas, para poder solucionar o melhor caminho para proteger o meio ambiente, proteger a árvore que está ali para dar sombra pra nós”, explica.
Ao final do evento, na sexta-feira (28), uma carta foi redigida, cobrando resposta dos Três Poderes até 9 de agosto sobre as ações que reduzam os impactos das mudanças climáticas.
Aldeia Piraruçu, em São José do Xingu (Foto: REM MT)
“Nossos ancestrais há muitos anos vêm avisando que a saúde da terra não é responsabilidade só nossa, ela é responsabilidade de todos, se o céu cair, a terra incendiar e as águas subirem, todos nós iremos morrer. Não há dinheiro que compre outro planeta”, diz trecho da carta redigida no evento.
Para a coordenadora do Programa REM MT, Lígia Vendramin, participar desse momento histórico reforça o comprometimento do programa em trabalhar em prol do bem viver dos povos indígenas e manutenção da floresta em pé.
Coordenadora do REM MT, Lígia Vendramin, em conversa com Raoni (Foto: REM MT)
“Apoiar eventos e projetos dos povos indígenas é contribuir também para a preservação do meio ambiente. O anúncio dos estudos da Funai, junto com a assinatura da carta, são sinais de que estamos no caminho certo para investimentos na redução do desmatamento, conservação da Amazônia e demais biomas, além de proteger os povos originários”, afirma a coordenadora do REM MT.