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Cooperativa apoiada pelo REM MT valoriza cadeia leiteira na região de Brasnorte

Por Vitória Lopes

“Como melhorou!”, diz surpresa a produtora Sueli da Silva, sem esconder como o preço do leite no assentamento São Bento, em Brasnorte, valorizou. Segundo conta, sua família já chegou a vender o litro a 25 centavos. Foi pensando no reconhecimento do esforço das famílias produtoras de leite que a Cooperprata foi criada.

Criada há 6 anos e contando atualmente com 107 associados, a Cooperprata é apoiada pelo Subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT), do programa REM MT.

 A produtora Sueli, explicando as melhorias que a cooperativa trouxe pra região (Foto: REM/MT)

Sueli começou a trabalhar com a cadeia leiteira quando se casou com o fundador da Cooperprata, Adriano Garcia. De imediato, ela se apaixonou pelo ofício. Ele, por sua vez, herdou da família a tradição de produzir leite.

“Leite gera paixão de vida. Eu sempre falo assim: quando você faz uma bezerra, você aguarda essa bezerra virar uma matriz e ver a produção dessa matriz. Automaticamente, você vai querer que ela se reproduza melhor que a mãe dela. Isso aí é um processo de vida na produção leiteira”, explica Adriano.

No entanto, Sueli relata que a rotina de trabalho com o gado leiteiro é muito difícil, e eles ficavam reféns dos laticínios privados, que se aproveitavam para comprar o leite a preços irrisórios.

“Nós sofríamos quando era só o laticínio privado aqui. Eles colocavam o preço que queriam, só vinha um anúncio de baixa. Você não podia fazer nada, lembro que na época a gente sofria tanto, você ligava lá reclamando e eles falavam assim: ‘você podia procurar outro’. Eles não estavam nem aí”, relembra Sueli.

Com muitos produtores desestimulados e até mesmo desistindo, a cooperativa foi fundada. Antes visando maior volume de produção, agora investem em qualidade. A família de Sueli, por exemplo, vende o litro a R$ 2,40 – um crescimento de 860%. Por dia, tiram em torno de 15 a 20 litros na propriedade.

                                                         Fundador da Cooperprata de Brasnorte, Adriano Garcia (Foto: REM/MT)

“Quando a gente iniciou a cooperativa, o preço de leite era um preço básico, tinha uma política só de volume. Mas hoje não, tem política de qualidade. Como a gente adquiriu o valor por qualidade, a concorrência também faz, então está em nível geral no município, talvez acredito que na região toda”, comenta Adriano.

                                                        Loja da Cooperprata em Brasnorte (Foto: REM/MT)

Outro lado positivo é a loja da Cooperprata, que facilita a compra de insumos, remédios e vacinas para os cooperados, por um preço mais em conta.

Melhora da silagem e mais produção

Uma das iniciativas da cooperativa, após ser apoiada pelo REM MT, foi melhorar a estocagem e alimentação do gado leiteiro, para que continuassem a produzir no período da seca. Ainda de acordo com Adriano, a cooperativa arrecada em torno de 5 mil litros por dia. Na época de chuva, sobe para 8 a 10 mil litros.

“O produtor que não tem o alimento para o gado, vai chegar a um determinado período, que é agosto, setembro e outubro, e o gado não tem alimento e diminui o leite, automaticamente a renda dessa família vai diminuir”, explica a coordenadora de finanças, Janeina Braun.

Foram adquiridos plantadeira, niveladora e vincão (máquina para esparramar calcário), para atender o produtor desde o início da plantação até a colheita, para que ele pudesse fazer a silagem no período da seca.

“O período que o produtor mais ganharia dinheiro, seria no período da seca, quando os laticínios precisam do leite e geralmente a maioria dos produtores tem leite no tempo da água. A maioria dos produtores não se prepara com a comida para a seca, e a cooperativa ajuda o produtor a produzir o alimento pro gado, para as vacas leiteiras para o período de seca”, diz Janeina.

                                                        Vacas se alimentando na propriedade de Adriano (Foto: REM/MT)

Para o produtor Maurício Pretto, a questão financeira era muito sensível na região. Com os equipamentos, eles conseguiram melhorar tanto na pastagem, como na alimentação do gado. Eles costumavam plantar capim napier, que foi trocado pelo milho.

“Na época não tinha concorrência, ficávamos na mão de um atravessador. Hoje temos meios [laticínios] que procuram a gente”, relata. 

Mais produção, menos desmatamento

                                       Vacas descansando na sombra, em vez de ficarem no sol em áreas desmatadas (Foto: REM/MT)

A orientação da cooperativa também é no sentido de reduzir o desmatamento das áreas, já que é possível produzir mais no mesmo pedaço de terra, sem prejudicar o meio ambiente. “Não precisa estar abrindo mais área, a questão é que vamos mantendo o que você já tem, vai só melhorando. Antes você aguentava uma vaca por hectare, hoje aguenta mais cabeças, 5 e 6”, pontua Maurício.

Janeina aponta que a Cooperprata mostra as possibilidades de recuperação da pastagem ao produtor.

“Se você unir o uso da tecnologia, você consegue manter o mesmo rebanho numa área pequena, desde que aplique a tecnologia, seja em reformar pastos ou então uma irrigação, um piquete que você possa manusear esse gado. Ele vai conseguir ter uma produção em uma atividade pequena. Acredito que a parceria da cooperativa nesse sentido, orienta o produtor para ver as possibilidades que ele pode ter”.

O engenheiro agrônomo e coordenador do Subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT), Marcos Balbino, comenta que não existia um poder de organização antes da cooperativa. Após a ajuda do projeto, os gargalos da produção leiteira – como a pastagem – aprimoraram, trazendo mais qualidade.

“A cooperativa passou a trabalhar com a base da produção, que é a alimentação dos animais, de forma mais ampla e organizada, em que eles controlam mais. Isso traz uma maior estabilidade para quem está produzindo, que é o beneficiário, a família que está na atividade leiteira”, afirma Marcos.

 

 

 

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