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Mulheres se unem e criam associação para valorizar o pequi mato-grossense

Típico do Cerrado e da Amazônia, o pequi é um fruto que pode apresentar até quatro caroços amarelados no seu interior, mas assim como o fruto, as mulheres de Terra Nova do Norte se uniram para criar a Associação De Mulheres Da Agricultura Familiar Do Portal Da Amazônia (AMAFPA), e valorizar a cadeia produtiva do pequi mato-grossense.

A presidente da AMAPFA, Geysca Karoline Kaminski, conta que a associação foi criada em 2010, quando uma das mulheres da comunidade perdeu o emprego. 

“O fato se deu por conta do fechamento da escola da comunidade, que além do prejuízo para educação, afetou a vida daquela mulher que era mãe solo e vivia sozinha, precisava manter a casa e sustentar o filho”, explica.

Para socorrer a colega, todas as mulheres da comunidade fizeram uma reunião, em que discutiram como poderiam ajudá-la. Doces e frangos foram as primeiras alternativas que elas pensaram em auxiliar a mulher.

Pequi é um dos principais frutos do Cerrado e Amazônia (Foto: Reprodução)

Apesar da escola ter fechado, a unidade continuou no local. Elas então aproveitaram a cozinha e os materiais para produzir pães. Em seguida, o negócio prosperou e começaram a produzir pães para a prefeitura.

Mas com a troca do mandato, elas perderam a licitação, ficando 2 anos sem produzir. Só que nesse momento a associação reformava a cozinha e se organizava para começar a trabalhar com o pequi.

Associação de mulheres para valorização do pequi também produzem farofa e outros produtos do fruto (Foto: Reprodução)

De todos os frutos nativos do Cerrado, o pequi é o mais consumido e comercializado, e também o melhor estudado nos aspectos nutricional, ecológico e econômico. Com a enorme variedade, a associação conseguiu trabalhar com o Pequi Gigante da Amazônia.

“É uma variedade melhorada pelos indígenas do Parque do Xingu, onde é plantada em sistemas regenerativos e sustentáveis de produção, que oportunizam a produção de frutos maiores, com mais polpa, um valor nutricional significativo e com sabor especial. É considerado um superalimento genuíno das terras mato-grossenses, que tínhamos oportunidade de trabalhar e colocar no mercado para toda a população”, explica sobre o diferencial.

Apoio de projetos e empoderamento

Com apoio do Instituto Ouro Verde (IOV), as mulheres desenvolveram uma série de processos para superar as dificuldades de organização e administração. De acordo com a coordenadora do IOV, Ana Carolina Bogo, esse trabalho é importantíssimo para fortalecer o empoderamento das mulheres da região.

“Uma ação como esta, além de favorecer o fortalecimento das mulheres como protagonistas na família e comunidade, auxilia a comunidade na diversificação e geração de renda e trabalho. Também fortalece a importância da organização social, já que o empreendimento está caminhando por conta do trabalho conjunto entre gestão e produtores de pequi”, comenta.

Além disso, também valoriza a produção local. Atualmente, 10 mulheres estão na ativa e chegaram a processar 11 toneladas de pequi no ano passado.

“Este trabalho com o pequi também valoriza sistemas integrados e sustentáveis, como os sistemas agroflorestais. O pequi é uma espécie fundamental nestes sistemas e se integra muito bem com a pecuária, principal fonte de renda da agricultura familiar na região”, disse.

Por meio do Programa REM MT, a associação obteve apoio em infraestrutura, equipamentos e serviços especializados. Também auxiliou o grupo a elaborar um Plano de Gestão para a cadeia de valor do pequi, que foi aprovado no edital do ano passado. A execução deve começar neste semestre.

O coordenador do subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs), Marcos Balbino, cita que a associação é um exemplo de organização e trabalho feminino no estado.

“A organização é gerida por mulheres e são as mulheres que tocam o empreendimento, isso é um case que serve de exemplo no estado, de que quando as mulheres se juntam e alinham os propósitos, o negócio vai pra frente e se desenvolve. Então elas já estão dando passos largos”, avalia.

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