Por Vitória Lopes
O Projeto Produzindo Valor, apoiado pelo Programa REM MT, atendeu 30 propriedades rurais, localizadas em um raio de 150 km de Sorriso, que estão engajadas na produção sustentável da soja de Mato Grosso. Em processo de certificação, o projeto promoveu a adequação das propriedades aos critérios da FEFAC (European Compound Feed Manufacturs Federation) – ou Federação Europeia de Fabricantes de Rações Compostas.
Em janeiro de 2021, o projeto foi criado para levar informações sobre boas práticas para a produção de soja da região de Sorriso, Vera e Nova Ubiratã. A iniciativa foi proposta pela Associação Amigos da Terra (CAT) de Sorriso, e financiada pelo Programa REM Mato Grosso, por meio de seu subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS).
A coordenadora do CAT, Cristina Delicato, explica que o mercado está cada vez mais exigente com o desenvolvimento das produções agrícolas e suas consequências no meio ambiente. Portanto, os produtores precisam repensar a forma de produzir, e adequar suas propriedades conforme as novas diretrizes ambientais.
“A importância da certificação atualmente é porque o mercado está cada dia mais exigente, e o produtor cada dia mais quer produzir de forma sustentável e economicamente viável. A certificação através dos seus critérios auxilia para que os processos sejam organizados, controlados e mensurados. Com isso, o produtor tem mais visão do seu negócio e consegue criar evidências para serem demonstradas, como boas práticas para o mercado”, pontua.
Das 30 fazendas que aderiram ao projeto, 15 estão aptas para as certificações RTRS – destinadas à produção de soja e milho. Segundo Cristina, já está agendada para o ano que vem a auditoria para certificar as outras propriedades junto ao grupo de produtores.
Os critérios para obter a certificação são: Conformidade legal, Condições de trabalho responsáveis, Responsabilidade Ambiental, Boas Práticas Agrícolas, Respeito pelo uso legal da Terra e Proteção das relações com a comunidade.
Atividades
Instalação de lixeiras coletivas (Foto: Divulgação)
Para conseguir aumentar a produtividade junto com a sustentabilidade e regularizar as propriedades, os técnicos elaboraram uma série de ações para serem desenvolvidas com os produtores, tanto de responsabilidade ambiental como social.
A princípio, o projeto realizou um amplo diagnóstico para compilar os dados das propriedades participantes. O diagnóstico conta com extensos estudos, que indicam as adequações ambientais e trabalhistas necessárias para que os proprietários certifiquem sua soja e consigam alcançar o mercado internacional de grãos.
As ações vão desde restauração de APP (área de proteção permanente) à instalação de lixeiras de coleta seletiva.
Produtores receberam orientações de combate à incêndios (Foto: Divulgação)
Dentre as ações, foram elaborados planos de gestão de resíduos, restauração de APP (área de proteção permanente), instalação de lixeiras de coleta seletiva, projetos de engenharia e sinalização.
“Auxiliamos na organização de documentos, organização dos setores de trabalhos como oficina, depósito de defensivos, fornecemos os mapas de dinâmica, fazemos a auditoria interna, acompanhamos no ato da certificação de verificação externa e comercialização dos créditos gerados pela produção auditada… É um pacote completo de serviços necessários para que se chegue a certificação. Todo esse trabalho é necessário ser feito anualmente, por se tratar de uma certificação progressiva e contínua”, lista Cristina.
Consciência ambiental dos produtores
Fora as mudanças econômicas, os produtores e colaboradores também receberam capacitações nas áreas de gestão, mercado e commodities, segurança e saúde no trabalho e combate a incêndios. Além disso, a consciência ambiental dos produtores também evoluiu.
“Os produtores tiveram que repensar e começar a priorizar algumas ações necessárias para sua evolução gradativa, que estão em fase de implementação. Cada fazenda está dando prioridade aos itens de maior impacto dentro da sua propriedade. Está ocorrendo mudanças nas melhorias das edificações onde o projeto contribuiu com projeto arquitetônico, outras tiveram que mudar a sua mentalidade a respeito dos resíduos, passando agora a fazer sua separação e destinação correta., mudanças de organização para que os processos aconteçam de forma mais efetiva. As mudanças são processos intermináveis dentro de uma fazenda”, avalia.
A coordenadora do PIMS, Daniela Melo, pontua que o apoio do Programa REM apoia projetos como esse para ampliar a área de produção de soja reconhecida como responsável, utilizando boas práticas agrícolas, responsabilidade ambiental e conformidade à legislação.
“O projeto coordenado pelo CAT-Sorriso traçou planos de ação e monitorou a implementação desses critérios com o intuito de fomentar a produção de soja certificada em áreas já antropizadas, levando em consideração para seleção das propriedades os critérios de elegibilidade do REM MT, cujo objetivo maior é a manutenção da floresta em pé”, explica.