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Seminário organizado pelo REM MT promove diálogo entre indígenas e sociedade sobre PNGATI

Meu maior sonho é que a gente possa viver nos nossos territórios em paz, com o bem-viver nosso, que possamos ser capazes de fazer a nossa gestao de acordo com a nossa necessidade, cada um respeitando a cultura e a diversidade˜, compartilha Jaime Zehmay, durante o “1 Seminário: Diálogos de Gestão Territorial e Ambiental dos Povos Indígenas de Mato Grosso”, organizado pelo Programa REM MT.

O primeiro dia do seminário, que ocorre até sexta-feira (5), discutiu a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI), refletindo sobre a política atual. 

A PNGATI cria espaço e traz oportunidades para que povos indígenas e o Estado dialoguem em torno de um objetivo comum, e aliem suas forças para o enfrentamento das dificuldades e desafios que os povos indígenas brasileiros enfrentam nos dias de hoje. 

Indígenas de Mato Grosso e outros estados participaram (Foto: REM MT)

Um desses desafios é a demarcação das terras indígenas, conta Soilo Urupe Chue. Do povo Chiquitano, de Porto Esperidião, ele relata que o avanço do desmatamento e  a queimada ilegal próximo ao seu território tem trazido enormes problemas para a comunidade, assim como o meio ambiente. 

“Vemos como urgente a demarcação, porque esta sendo desmatada toda a região, os peixes estão morrendo, os bichos estão sumindo das florestas, alguns, inclusive, morrem queimados na época da seca e outros não tem água mais perto. Estamos vendo que está sendo degradado todo o meio ambiente, e a gente não tem força pra fazer com que pare˜, conta. 


Soilo relatou as principais dificuldades encontradas em seu território (Foto: REM MT)

Ainda de acordo com Soilo, participar da discussão da PNGATI com a sociedade reivindica os direitos indígenas. 

“Participar do seminário e plano de gestão de vida é sempre pensar um pouco na nossa própria trajetória de vida, de termos a tentativa de criar políticas públicas que avancem, garantindo nossos direitos, a nossa vida, a nossa forma de ser e fazer, de viver também, respeitando o meio ambiente e mantendo a floresta em pé”, pontua. 

Jaime não vê a hora da PNGATI sair do papel (Foto: REM MT)

Jaime, por sua vez, também sonha com o dia em que a PNGATI vai sair do papel.

“A maior urgência do meu povo é que essas políticas públicas venham trazer proteção, já que os territórios indígenas pedem socorro, porque muitas vezes as políticas públicas não são implementadas de acordo com a necessidade dos territórios, e isso traz grande prejuízo”, reflete. 

Segundo a presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo, a construção de diálogos como esse seminário é primordial para que os povos indígenas mato-grossenses conquistem o protagonismo de seus territórios, além de desenvolver as demandas que cada comunidade necessita. 

Eliane Xunakalo, presidente da Fepoimt, discursou no evento (Foto: REM MT)

“Eu vejo o seminário como uma oportunidade de iniciar a discussão de retomada da PNGATI. É necessário que os povos de Mato Grosso já iniciem essa discussão, atualizando as demandas dessa política tão importante, que precisam ser implementadas e vejo que o REM está proporcionando essa iniciativa”, explica. 

Promover diálogo

Por meio do Subprograma Territórios Indígenas, o Programa REM MT promoveu pela primeira vez o seminário. A coordenadora do REM MT, Ligia Vendramin, avalia que a maior urgência dos indígenas mato-grossenses, atualmente, é discutir sua autonomia dentro da PNGATI. 

Ligia Vendramin, coordenadora do REM MT (Foto: REM MT)

“Quando a gente pensa em povos indígenas, temos que pensar no território deles. Discutir para que cada vez mais eles tenham autonomia, condições de defender os seus territórios e tradições, acho que é a principal definição do tema desse seminário”, afirma. 

Intercâmbio de culturas

Liderança do povo Huni Kuin, Josias Pereira Kaxinawa saiu do Acre para conhecer e discutir as políticas públicas em Mato Grosso. Conforme explica, esse intercâmbio é importante para unir cada vez mais os povos indígenas, ter mais força para lutar e cobrar e pensar políticas públicas em conjunto.

“Trabalhar com o REM é importante para ter esses parceiros, apoiar, realizar oficina, intercâmbio, produzir material, elaborar um plano de acordo com todas as lideranças, que abrange as mulheres, escolas, homens, velhos e tudo que nós vivemos na floresta, água, caca, cultura, semente e agricultura”, conta.

Josias Pereira Kaxinawa saiu do Acre para participar das discussões do seminário (Foto: REM MT)

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