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REPORTAGEM ESPECIAL: Comitiva internacional conhece projetos de pecuária sustentável apoiados pelo REM MT

Os financiadores do Programa REM Mato Grosso, o Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW) e o Departamento para Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido (BEIS), conferiram de perto como os seus recursos estão promovendo uma pecuária mais sustentável entre pequenos e médios produtores de gado da região norte de Mato Grosso.

Para isso, a comitiva internacional fez uma Visita de Monitoramento em duas propriedades na zona rural de Alta Floresta e Paranaíta, que estão inseridas no projeto Conect@agro, do Instituto Centro de Vida (ICV). A iniciativa é apoiada pelo REM MT, por meio do Subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS). 

Instituto Centro de Vida 

A visita começou com uma palestra do coordenador do ICV e do projeto Conect@agro, Renato Farias, do analista de pecuária sustentável do ICV, Eduardo Florence, e da consultora técnica da Campo SA, Darline Trindade Carvalho. A Campo S/A é uma empresa que presta serviços de assistência técnica e de extensão rural aos produtores. Os palestrantes explicaram sobre os métodos utilizados pelo projeto para desenvolver uma pecuária não extensiva, em cooperação com meio ambiente e economicamente viável junto aos produtores. 

Palestra sobre os projetos para a equipe da missão. Foto: REM MT

“O que a gente tem procurado mostrar é que não existe uma dicotomia entre produção e conservação. Tratam-se de dois elementos dentro de uma produção de uma propriedade. Desse modo, a conservação reflete em água de melhor qualidade para os animais, em solo bem conservado, através do manejo das pastagens e do uso racional desse recurso. Além da manutenção das florestas, que é importante, a gente também trabalha muito com os produtores essa questão de solo e água, que é algo mais perceptível pra eles, e eles tem feito boas práticas nesse sentido: melhorar os resultados econômicos e, automaticamente, temos um bom reflexo ambiental e social, pois passamos, também, a capacitar mais pessoas, para que elas consigam utilizar as tecnologias que a gente propõe”, explicou Eduardo Florence aos investidores do REM MT. 

 

Eduardo Florence, analista de pecuária sustentável do ICV. Foto: REM MT

Em seguida, a comitiva estrangeira visitou a propriedade dos pecuaristas Matheus e Fernando Luczinski, situada em Alta Floresta, que recebe assistência técnica gratuita da Campo SA, através do projeto Conect@agro. Chamou a atenção dos doadores, a praça de alimentação do gado, construída com recursos do REM MT. Com o novo bebedouro, os animais caminham menos e bebem água mais saudável. Isso, segundo os técnicos do projeto, ajuda o gado na engorda, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade do sítio, sem a necessidade de promover o desmatamento para abrir novas áreas para o gado pastar. 

 

Pecuaristas Matheus Luczinski (à frente) e comitiva – Foto: REM MT
 

MAIS SUSTENTÁVEL

Fernando Luczinski, 28 anos, é filho do Matheus (62). Ele tem ajudado o pai nessa busca por uma produção mais sustentável. E os parceiros, REM MT, Conect@agro e Campo SA, têm sido fundamentais nesse processo, pois, além da sustentabilidade, as ações têm aumentando a produção sem necessidade de desmatar a floresta amazônica. 

 “Antes dos parceiros, tínhamos esses dados a respeito da nossa produção, mas eles não eram analisados da forma correta. Hoje, com essas parcerias já estabelecidas, temos coisas planejadas para daqui há sete anos, e sempre nessa perspectiva de aumentar a produção, a rentabilidade de forma sustentável, por meio da produção da pecuária em áreas já consolidadas. Assim, nós atualizamos as demandas do mercado e preservamos  o meio ambiente para as gerações futuras”, destaca Fernando. 

 

Fernando Luczinski, pecuarista em Alta Floresta apoiado pelo REM MT. Foto: REM MT
 

MAIS PRODUTIVO

Em seguida, a comitiva partiu para o município de Paranaíta, para conhecer a fazenda Rochedo, de propriedade de Augusto de Moraes (seu Agostinho). Lá, eles puderam conferir o plantio do capim BRS Capiaçu e um Silo Trincheira, que são técnicas utilizadas para diminuir os custos de produção da propriedade, bem como aumentar o uso da terra, concentrando numa menor área a produção de volumoso (silagem) para os animais, no período da seca. 

 

Seu Agostinho, dono da Fazenda Rochedo, ao lado de uma plantação de capim Capiaçu. Foto: REM MT

Para se ter uma ideia, além de ser mais produtivo e crescer mais rápido, o capim Capiaçu gera mais alimento para o gado, utilizando uma área  menor de silagem, em relação à ração de milho, por exemplo. No caso da fazenda Rochedo, o capiaçu reduziu a área de silagem de 18 para seis hectares. 

Em relação à área que sobrou (12 hectares), os técnicos do Conect@gro explicaram que o proprietário a transformou em pastagem, evitando novos desmatamentos de vegetação nativa da Amazônia. 

Palestra da consultora técnica da Campo SA, Darline Trindade Carvalho, sobre o trabalho que está sendo feito pela Campo SA, na fazenda Rochedo. Foto: REM MT

SILO TRINCHEIRA

Quanto ao Silo Trincheira, trata-se de uma vala no chão onde o capiaçu é armazenado, servindo de alimento para o gado no período da seca. A cobertura da vala, via de regra, é feita com lona plástica.

Silo Trincheira na Fazenda Rochedo. Foto: REM MT
 

MONITORAMENTO

Svenja Katharina Miss Bunte, representante do Departamento para Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido (BEIS), afirmou estar impressionada com o trabalho técnico do REM junto aos beneficiários. 

“Durante a visita de campo, verificamos na prática o quanto esse trabalho está bem-sucedido. Espero que o projeto continue assim: aumentando, cada vez mais, seus objetivos e ambições, até a conclusão das ações”, destacou Svenja.

 

Em primeiro plano, à direita, Svenja Katharina Miss Bunte, representante do Beis. Foto: REM MT

Renato Farias, coordenador geral do Conect@agro, entende que, para além dessas ações diretas na pecuária, o REM MT tem criado uma rede de apoio que favorece não só a  pecuária, mas a produção sustentável de diferentes atores inseridos na região norte de Mato Grosso.

“O REM veio num momento crucial para nós, em que seus recursos, para aquelas propriedades que executam as suas boas práticas, sejam efetivamente incorporadas para esse território, juntamente com o trabalho também desenvolvido com as comunidades indígenas e a agricultura familiar. Então, são ações, que juntas, criam uma grande rede de sustentabilidade na região”, reforça Farias. 

 

Renato Farias, coordenador geral do Conect@agro e do IOV. Foto: REM MT

BOAS PRÁTICAS

Além das propriedades de seu Agostinho e do Matheus e Fernando Luczinski, mais 13 unidades de referência tecnológica estão inseridas no Conecta@gro. As ações dessas propriedades, inclusive, já estão servindo de exemplo para os demais produtores da região. 

Até o momento, o projeto já atingiu mais de 700 pessoas na região, por meio da disseminação do conhecimento, através de dias de campo e intercâmbios, e por meio da aplicação de boas práticas pautadas na  boa gestão dos recursos naturais e de produção. 

Entre as principais metas do projeto está fornecer suporte técnico aos produtores rurais no processo de adequação ambiental. São situações que envolvem a regularização junto ao SIMCAR [Sistema Mato-grossense de Cadastro Ambiental Rural] do déficit de Reserva Legal e recuperação de Áreas de Preservação Permanente Degradadas (APPDs). Além disso, o projeto faz parcerias com instituições de ensino, pesquisa e extensão para ações de formação, capacitação, disseminação e divulgação do conhecimento. 

Ao todo, o REM MT investe R$ 2,8 milhões no Conet@agro do ICV. 

 

Membros da comitiva que visitou as fazendas na região amazônica. Foto: REM MT

Visita de Monitoramento KfW  e BEIS

A visita de Monitoramento ocorreu em 17 de junho e também contou com a presença de Soren Schapte, representante do KfW; Magaly Medeiros, consultora nacional da GOPA; Mariana Gogola, analista de projetos do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade; e Marcos Balbino, coordenador do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT’s).

Antes, a comitiva esteve na cidade de Carlinda, quando conheceu projetos de linha de crédito para agricultores familiares. 

 

Por Marcio Camilo e Mariana Vianna
edição: Mariana Vianna

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